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XXX Domingo do Tempo Comum – 25.10. 2020

A PALAVRA DO PASTOR

+Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida

A CARIDADE É A PLENITUDE DA LEI

A Igreja, neste trigésimo Dia do Senhor do Tempo Comum, através da Liturgia da Palavra, oferece à nossa meditação a lembrança de que plenitude da Lei – como, aliás, de todas as Escrituras Sagradas – é o amor.

Na primeira Leitura (Ex 22,20-26), a Palavra de Deus une à exigência de tratar com dignidade o estrangeiro e de não fazer mal ao órfão e à viúva, a promessa de dar a justa punição aos que os oprimem desprezando a Palavra. Logo a seguir, acrescenta o dever de solidariedade para com o próximo como sinal de pertença ao seu povo. Fica bem claro que os preceitos da Lei sobre convivência entre os eleitos são expressão do verdadeiro culto de amor a Deus e da obediência à Sua santa vontade. E o clamor dos mais fracos, no momento da opressão, toca as entranhas de misericórdia do Deus justo e bom: “Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso” (Ex 22,26). A fé de Israel no Deus justo e misericordioso se expressa na universalidade do amor, que não se limita aos membros da mesma família, da tribo ou do povo eleito, mas alcança também o estrangeiro.

O Salmista nos ensina que o clamor do pobre se traduz em oração de confiança: “Eu vos amo, ó Senhor, sois minha força e salvação, minha rocha, meu refúgio e salvador” (Sl 17,2-3). Quantas vezes, no nosso apostolado, ao visitar os mais pobres, não nos admiramos com o testemunho de uma confiança sobrenatural e inabalável na misericórdia de Deus. Esta confiança muitas vezes se esvai no aburguesamento provocado pela vida cômoda e dissipada pela preguiça daqueles a quem nada falta.

É necessário que os fiéis tenham amplo acesso à Sagrada Escritura” (Dei Verbum 22), às Santas Palavras, para que encontrem a Verdade e cresçam no amor autêntico. Este amor que é a plenitude da Lei se exprime em dois atos indissociáveis. O primeiro ato, que tem precedência na ordem do princípio, é o culto de adoração a Deus: “amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mt 22,34-40). O segundo ato, que se expressa nas obras de misericórdia e tem a precedência na ordem da prática, é o amor ao próximo: “O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. As obras de misericórdia não são mera filantropia sem raiz sobrenatural, são um ato de amor que São Vicente de Paulo não teme identificar com a adoração a Deus.

Sim, a plenitude da Lei é o amor. E este amor traz ao coração humano uma alegria inigualável, compatível com o mistério da Cruz. Paulo diz aos Tessalonicenses: “E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito, apesar de tantas tribulações” (I Tes 1,6). Esta alegria exige, portanto, um conhecimento mais íntimo de Cristo e uma escuta sempre dócil de sua Palavra, que dá pleno sentido à vida.

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